Pão Diário

sexta-feira, 5 de abril de 2013


A queda perverteu a imagem de Deus segundo a qual o homem foi criado e que, em consequência disso, a pessoa humana age pecaminosamente em sua relação com Deus, com o próximo e com a natureza. Por causa da queda cada ser humano é fundamentalmente egocêntrico e sem amor, odiando a Deus, odiando os outros e devastando a natureza.
Se Deus não refreasse a pecaminosidade humana seria impossível viver neste mundo.
Não obstante as Escrituras declararem a depravação total da humanidade, muitos de nós têm bons vizinhos, podemos confiar em pessoas com quem fazemos negócios. Muitos de nós conhecemos pessoas que não obstante não serem cristãs, é amável, prestativas e honestas. Como explicar isto? A resposta é o nosso estudo de hoje sobre a Graça Comum.
Que explicação podemos dar para a bondade que, em certa medida, constatamos nos incrédulos?
Definição de Graça Comum:
"Graça Comum é a restringência e também a influência persuasiva do Espírito Santo agindo através da verdade revelada no Evangelho, ou através da luz da razão e da consciência, aumentando o efeito moral natural de tal verdade sobre o entendimento, consciência e coração. Ela não envolve nenhuma mudança de coração, mas simplesmente a melhora dos poderes naturais da verdade, a restringência das paixões más, e o aumento das emoções naturais em vista do pecado, do dever e do interesse próprio”.
"Graça comum é cada favor de qualquer espécie ou grau, excetuando a salvação, que este mundo imerecedor e maldito pelo pecado, desfruta das mãos de Deus"
Por Graça Comum ou universal (porque alcança todos indiscriminadamente) entende-se uma graça que restringe a manifestação do pecado na vida humana sem remover a pecaminosidade humana, permitindo que incrédulos profiram muitas verdades e produzam muitos feitos que são bons. É uma graça que refreia o pecado, porém sem regenerar o ser humano.
1 – BASE BÍBLICA PARA A GRAÇA COMUM:
A Bíblia ensina a existência de uma graça de Deus que restringe (freia) o pecado na vida daqueles que não são o Seu povo.
Gênesis 20:6 "Respondeu-lhe Deus em sonho: Bem sei que com sinceridade de coração fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares contra mim e não te permiti que a tocasses." – Abimeleque não era, obviamente, um crente. Todavia, Deus o impediu de pecar.
Romanos 1:24-28 "Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;
pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!
Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza;
semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro.
“E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes,”.
Este texto mostra que houve épocas em que Deus não restringiu a manifestação do pecado. Deus "os entregou", "os abandonou" aos seus próprios pecados.
Romanos 13:3-4 "Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal".
Punições tais como multas, sentenças de prisão e outros é uma maneira de restringir o pecado. (I Pedro 2:13,14)
2 – DIFERENÇAS DE GRAÇA COMUM E GRAÇA ESPECIAL:
A diferença entre elas deve ser vista no resultado que elas realizam naqueles que são totalmente depravados.
a.    A Graça Especial tem uma conotação redentora, enquanto a Comum é sinônima de não-redentora. A Graça Comum refreia o pecado, mas não muda a natureza. Ela segura a manifestação do pecado, mas não o extingue.
b.    A Graça Especial muda as disposições interiores retirando do pecador a inimizade contra Deus. A Graça Comum não provoca mudanças na vida do pecador. É apenas um freio.
c.    A Graça Especial muda o coração, a comum muda apenas a atitude. A mudança realizada pela graça comum é apenas moral e não espiritual.
d.    A Graça Especial atinge somente os eleitos, enquanto a comum atinge a todos indistintamente, como o próprio nome diz, é "comum".
3 – A NATUREZA DA GRAÇA COMUM:
Calvino ensinou que há uma graça de Deus que restringe a manifestação do pecado na vida humana sem remover a pecaminosidade humana.
Negativamente = A graça comum restringe o pecado
a.    Restringe a manifestação do pecado. Gênesis 20:6; II Reis 19: 27-28; Gênesis 4:14-15.
Pela operação do Espírito, Deus evita que todas as potencialidades do homem para o mal se manifestem em toda a sua violência.
b.    Restringe a manifestação da ira divina. Rm 2:4.
Deus age sobre Si mesmo restringindo a manifestação plena da Sua vingança contra atos maus dos homens. A paciência de Deus para com os homens é uma manifestação da graça comum. Temporariamente Ele suspende Sua ira.
Rm 2:4 - "Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?
c.    Restringe a manifestação da plenitude da pecaminosidade humana.
O ser humano é depravado, mas nem sempre vemos a manifestação da sua pecaminosidade que seja proporcional com sua potencialidade de pecar. O homem não peca tudo o que é capaz.
Positivamente: Promove a justiça
a.    O irregenerado é recipiente da bondade de Deus.
Gn 39:5 "E, desde que o fizera mordomo de sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por amor de José; a bênção do SENHOR estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo."
At 14:16-17 "o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos;
contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria."
Lc 6:35-37 "Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.
Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados;"
Lc 16:25 "Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos."
A incredulidade dos homens não é motivo para eles não receberem bênçãos de Deus.
b.    O irregenerado é capacitado a fazer coisas boas.
O homem é incapaz de por ele mesmo fazer coisas boas. Se as faz é pela graça de Deus (Mt 5:46; Lc 6:34).
Calvino diz que os incrédulos podem ser revestidos dos dons excelentes de Deus (música, poesia, pintura, artes, ciência, etc.).
"Toda verdade vem do Espírito de Deus e portanto rejeitar ou desprezar as coisas boas que os incrédulos fazem é insultar o Espírito Santo de Deus.
4 – OS MEIOS PELOS QUAIS O PECADO É REFREADO (Restringido)
a.    A revelação geral de Deus (a natureza) – Rm 2:14-15
b.    O governo civil – Rm 13:3-4 – I Pe 2:13,14
Multas, prisões, etc...
c.    Os relacionamentos sociais ou opinião pública.
Alguns pecados não contemos porque:
·         Somos casados, temos uma família, vizinho, colegas, zelamos por nossa reputação...
5 – O PROPÓSITO ÚLTIMO DA GRAÇA COMUM
O grande propósito da graça comum de Deus, como podemos deduzir, é o bem-estar do povo eleito de Deus. Mt 24:21-22.
CONCLUSÃO:
Qual o valor da Doutrina da Graça Comum?
1. A Doutrina da Graça Comum sublinha o poder destrutivo do pecado.
2. A Doutrina da Graça Comum reconhece os dons de que vemos nos seres humanos irregenerados como dons de Deus.
3. A Doutrina da Graça Comum nos ajuda a explicar a possibilidade da civilização e cultura nesta terra a despeito da condição decaída do homem.

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